Bicicletas e comboios

Sempre que a conversa salta para a mobilidade em bicicleta, muitos amigos meus dizem logo “ah, e tal, mas eu moro muito longe”. Claro que para a maioria das pessoas, fazer mais de 10Kms, é uma tarefa pouco apelativa. O que eu e outros que já andam de bicicleta há muito tempo (ou que apesar de terem começado agora, são já entusiastas) fazemos – longas distâncias – não são referência para o comum dos cidadãos. A bicicleta apresenta a sua maior vantagem, em deslocações até aos 5kms. Claro que em culturas diferentes, tais distâncias constituem-se como um obstáculo menor. Mas a realidade que temos, é a de uma sociedade de costas voltadas para as duas rodas, e se queremos que esta assuma uma posição de destaque, temos de trabalhar com o que há.

(foto: ECF)

Entra em cena o binómio bicicleta-comboio. São dois veículos que se complementam de um modo quase perfeito. A bicicleta confere ao comboio a flexibilidade que este não tem, e este permite vencer distâncias que de bicicleta seriam pouco convidativas (ou temporalmente ineficazes).

Se a nível urbano, este problema já foi resolvido há algum tempo (é permitido o transporte de bicicletas nos comboios urbanos de Lisboa e Porto), já quando as distâncias são maiores, a situação complica-se.

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Nos Regionais, também é permitido o transporte, mas fazer viagens um pouco mais longas recorrendo a esta solução, pode revelar-se penoso, podendo uma viagem de Lisboa ao Porto, demorar duas ou três vezes mais do que se fôssemos de Alfa Pedular (AP) ou no Intercidades (IC). Para não falar que certos destinos deixaram de ter serviço regional (como por exemplo, o Algarve)

Assim, para quem queira fazer viagens um pouco mais longas, e queira transportar  a bicicleta, vê-se impedido de o fazer de um modo simples no AP ou no IC – quer dizer, até o pode fazer… se levar uma bicicleta dobrável, ou se desmontar a sua bicicleta e a empacotar! Mais uma vez, os entusiastas, podem até não gostar de desmontar a bicicleta, mas desenrascam-se – agora se queremos promover a utilização da bicicleta, estas coisas não podem ser geridas assim – temos que facilitar a intermodalidade ao comum dos cidadãos, que apesar de se deslocar de bicicleta, muitas vezes nem sabe desmontar uma roda, muito menos tem uma caixa ou um saco para lá a colocar. Convenhamos, é mesmo muito pouco prático, ir a pedalar até à estação e ao chegar lá, ainda ter de desmontar e empacotar a bicicleta! Tal como para andar de bicicleta não deve ser necessário equipamento desportivo ou especial, para viajar com ela de comboio, também não deverá ser!

Neste sentido, o Pedro Sanches realizou um inquérito a cerca de 2.000 pessoas, sobre este tema. Os resultados podem ser vistos na página da FPCUB, que apoiou e promoveu esta iniciativa.Paralelamente a este inquérito, tem a decorrer um outro em redes online a nível europeu envolvendo portugueses e outros europeus a residir no estrangeiro e com interesse em visitar Portugal de bicicleta e poder alternar a bicicleta com o comboio em certos percursos e distâncias.

A FPCUB, tem também conhecimento de que há já estudos realizados na CP, para a implementação de soluções para este problema – o transporte de bicicletas nos AP e IC. O diálogo entre as duas entidades sempre existiu e se hoje em dia o transporte de bicicletas é possível (e gratuito) nos comboios urbanos, muito se deve aos esforços envidados pela FPCUB.

Adicionalmente, está a decorrer uma Petição para a criação de condições de transporte de bicicletas em todos os comboios da CP, promovida pela MUBi, que em conjunto com o inquérito do Pedro Sanches, e com testemunhos que surgem um pouco por todo o lado, demonstram que há bastante interesse nesta questão. Vamos esperar que em breve surjam os resultados destes esforços todos, e que qualquer pessoa possa optar, de um modo simples e sem complicações, pelo comboio como complemento à sua mobilidade em bicicleta.

E assim terminou

Com um novo passeio aí à porta, não podia correr o risco de me perguntarem pelo resto das fotografias 😉

Assim, aqui fica a última coleção de fotos do  2ºEvento Cycle Chic Lisboa, tiradas desde a Av. Almirante Reis, até ao final, novamente no Campo Pequeno.

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Espero que tenham gostado de participar, bem como das imagens que resultaram do evento.

Fotos anteriores:

Na Estefânia

Saldanha e Picoas

Do Arco do Cego à Duque D’Ávila

Do início à Praça de Londres

A Dinamarca em Portugal

E o passeio começou assim

A preto e branco

O “Diário” do evento

O evento pela lente do Luís

800 Obrigados!…

Já o disse várias vezes, que sonho com o dia em que fazer eventos como este deixe de fazer sentido. Será o dia em que a cultura da bicicleta já está tão intrínseca com a sociedade, que celebrar deste modo, seria uma redundância. Por enquanto vou continuar a promover a utilização da bicicleta, deste modo e de outros que forem surgindo! Conto convosco para a próxima?

CYCLE CHIC 2 GREENFEST

O Cycle Chic juntou-se ao Greenfest, e está de volta para mais um passeio!

Uma manhã para celebrar a bicicleta como meio de transporte, de Lisboa ao Estoril. Não é um evento desportivo, mas um passeio de bicicleta descontraído pela Marginal. Assim, não é requerido qualquer equipamento para praticar “ciclismo” ou desporto em geral. Dentro do estilo próprio de cada um, não se exige nenhum código de vestuário – clássico, casual, alternativo… a escolha é sua, mas sempre no espírito Cycle Chic.

INSCRIÇÕES E MAIS INFORMAÇÕES

Podem descarregar o ficheiro do cartaz em alta resolução, se quiserem imprimir para ajudar a divulgar.

Este evento, não será gratuito como os anteriores. É um passeio diferente, inclui almoço, e em termos logísticos não foi possível manter a inscrição sem custos. Os valores não são muito elevados, e então para quem for sócio da FPCUB, é mesmo bastante acessível. Já por várias vezes chamei à atenção da utilidade de ser sócio desta Federação: mesmo que não houvesse outras vantagens, só pelo seguro de responsabilidade civil já vale a pena – se somarmos o facto que estamos a contribuir para uma associação que defende os nossos direitos enquanto utilizadores de bicicleta, e tem reconhecida utilidade pública, ficamos certamente a ganhar!

Dia 29, vamos todos encher a Marginal com as cores e os sons das nossas bicicletas!