São Francisco em Lisboa – Timothy Papandreou

Na passada sexta feira, tive oportunidade de ouvir o Timothy Papandreou, Diretor Executivo da SFMTA – San Francisco Municipal Transportation Agency e responsável pelo Planeamento Estratégico de Mobilidade e Transportes daquela cidade. A sessão organizada pelo DMMT da CML, foi no âmbito do Projecto CicleCyties e sob o tema “How San Francisco is tripling its bicycle mode-share in six years”. Foi excelente, perceber um pouco mais sobre o que foi (e irá ser) feito numa cidade que tanto tem em comum com Lisboa. Não são apenas as pontes que são parecidas… a cidade propriamente dita é um pouco maior, mas com uma densidade populacional semelhante. Claro que se considerarmos toda a Bay Area, é bastante maior do que a Área Metropolitana de Lisboa… São duas cidades à beira mar, com climas semelhantes e ambas conhecidas pelas suas colinas. Mas em SF actualmente cerca de 3,5% das deslocações são feitas de bicicleta, e o objectivo traçado é chegar aos 10% em 2018. Hoje em dia, Lisboa ainda não terá chegado a 1%.

Toda a estratégia tem objectivos muito concretos, com vista a aumentar a competitividade da cidade que cresceu significativamente nos últimos anos. Sim leram bem – apostar na bicicleta e na pedonalidade para tornar a cidade mais competitiva. Para quem estuda estes assuntos, ou pelo menos anda bem informado, sabe que as cidades cada vez mais têm de abandonar a lógica centrada na mobilidade automóvel, e abraçar um novo conceito de mobilidade inteligente e sustentável, articulando os modos suaves com as redes de transportes colectivos. Porque também é melhor para a economia.

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Houve no final uma interessante sessão de perguntas que surpreenderam o orador pela positiva, mas gostei particularmente da presença do responsável pela iniciativa Alma-Lisboa. Ao perguntar ao Timothy se achava que fazia sentido implementar a possibilidade de atravessar a ponte 25 de Abril a pé e de bicicleta, a resposta dele foi inequívoca: claro que sim! Os retornos financeiros que São Francisco retira do turismo associado à travessia da ponte, são enormes, e é fácil perceber que economicamente se justifica o investimento que tal obra exige. A Golden Gate, é um dos locais mais visitados do Mundo, e é a principal atração da cidade. A a ponte 25 de Abril tem um potencial semelhante! Se serve para maratonas, também pode servir para isto.

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No dia seguinte, fomos com o Timothy dar uma volta pela cidade, e trocar impressões sobre o que pode ser feito por cá. O encontro foi no Velocité Café, e depois da fotografia da praxe, lá fomos dar ao pedal.

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E como se pode ver pelas imagens, o Timothy não se “equipa” para andar de bicicleta… E em São Francisco, não usa automóvel pois rege-se pela máxima “Lead by example” (que eu tantas vezes afirmo ser fundamental). Seja vestido casualmente ou de fato e gravata, a bicicleta é o seu meio de transporte principal.

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Foram muitas as observações que fez, mas uma bastante curiosa que ouvi foi ao atravessarmos a Rua e o Largo da Graça (cheios de gente e completamente invadidos por automóveis), o Timothy exclamou: “Isto ali atrás foi terrível… parecia Amsterdão nos anos 70, com carros por todo o lado!”

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Tive de deixar o grupo por aqui, onde qualquer pessoa se pode deslumbrar com a vista da cidade. Fica um último comentário do Timothy: “Lisboa tem muito menos subidas que São Francisco”. Mas para eles, não parece ser um problema…DSC_6378

E nós, de que estamos à espera?

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EDIT: Entretanto a CML disponibilizou o video da apresentação:

PROJETO CYCLECITIES EM LISBOA from Câmara Municipal de Lisboa on Vimeo.

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EDIT2: A SIC já transmitiu o episódio da Economia Verde sobre a visita do Timothy

4 Respostas a “São Francisco em Lisboa – Timothy Papandreou

  1. Completamente de acordo Miguel e a pergunta é muito pertinente, de que estamos à espera?

  2. Ciaran diz:

    In my limited experience of Lisbon, it is FAR less hilly than San Francisco. Good luck in building modality!!!

  3. Estamos à espera que as mentalidades mudem, que alguém se lembre que é preciso começar para que as coisas mudem. Que as bicicletas fazem parte do futuro e não do passado, que a rede de transportes públicos evolua no sentido da articulação com todas as formas de transporte, que os reposnsáveis pela mobilidade da CML andem de bicicleta (na conferência percebi que o Tiago Faria, não o faz porque segundo a família é perigoso) Lead by example… O que custa mesmo são as mentalidades. Estamos à espera que existam locais para prender a bicicleta sem ser pelos postes públicos, estamos à espera de que quem manda veja os exemplos nas cidades e se decida a aplicá-los, mas para “ver” os exemplo tem de os utilizar só assim se pode aperceber das virtudes e dos defeitos. Eu há 3 anos fiz um blogue com titulo inspirado num que há alguns anos existiu em Lisboa e propus-me a fazer a minha vida na cidade do Funchal exclusivamente de bicicleta. Conclusão: É possível, basta querer. Conclusão 2: Fui o único, nada mudou, pelo contrário, constroem-se mais parques de estacionamento no centro da cidade do Funchal… Em Lisboa para que as coisas mudem é preciso fazê-las e não ficarmos a ouvir e a olhar à espera que alguém o faça. Acho piada a PSP inicia hoje uma operação especial dedicada aos ciclistas para que pedalem em segurança e cumpram as novas regras de trânsito. Já pensaram em fazer uma operação dedicada aos peões que circulam insistentemente nas ciclovias e em banir os automóveis estacionados em cima dos passeios? Tem tudo a ver com as mentalidades, que são o mais difícil de mudar.

    http://www.90diasdebicicletapelofunchal.blogspot.com

  4. […] a recorrer à bicicleta quando as condições para se pedalar são longe de ideais. Se virem o video do Timothy Papandreou, em S.Francisco estabeleceram 4 Níveis de Stress de Tráfego (LTS), e o sexo feminino dificilmente […]

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