Testemunhos Cycle Chic (I – adenda)

José Santa Clara já nos contou a sua história, mas enviou-me este texto, em jeito de adenda, dado ter alterado os seus percursos:

Depois de um ano a fazer o percurso Restauradores – Belém – Restauradores (vide o primeiro testemunho), por razões profissionais o meu destino matinal diário passou dos Restauradores a um ponto perto da estação de Metro dos Olivais. Esta mudança obrigou a repensar o uso da bicicleta e encontrei o pretexto para comprar uma já cobiçada IF Mode, bicicleta dobrável com roda 26″. Uma maravilha!… O plano matinal passou a ser: Belém – Cais do Sodré de bicicleta e Cais do Sodré – Olivais de Metro, com a IF Mode dobrada. Munido de uma cópia da resposta das Relações Públicas do Metro ao meu pedido de confirmação que a dita pode circular pela mão sem restrições de horários, fiz hoje de manhã a experiência do transporte combinado. Sem problemas no controle de acesso pelo canal normal, sem problemas de circulação na plataforma e nas carruagens (pouca gente, dado que já passava das 9:00), um sucesso … não fosse a falta de elevadores! Sendo uma bicicleta de transportar dobrada empurrando (ver o filme em http://www.youtube.com/watch?v=zBrmup1EGZs), o subir e descer escadas obriga a carregar os 15kg pendurados por uma mão. Ora hão-de experimentar entrar ou sair das estações do Metro de Lisboa com a necessidade equivalente a uma cadeira de rodas. Impossível!… Elevador no Cais do Sodré em zona sem iluminação e fechado à chave; elevador na Alameda invisível; escadas rolantes nos Olivais a funcionar só de um lado (nem quero pensar o que seria todas paradas); subi/desci mais de uma centena de degraus!! Transpirei mais no Metro do que nos 7km de ciclovia… Conclusão imediata – vou passar a chegar ao Cais do Sodré de manhã e em vez das escadas do Metro apanho um Taxi com a IF Mode no porta bagagem; serão 8,50 EUR por dia, muito bem gastos. À volta consigo vir directo de bicicleta os 16km que agora me separam a casa do trabalho – sempre a descer até Braço de Prata e depois pela “ciclovia” ribeirinha (as aspas valem para o troço até ao Cais do Sodré).

Abraços,

José Santa Clara

Esta IF Mode, juntamente com a Gant, fazem uma dupla invejável!

9 Respostas a “Testemunhos Cycle Chic (I – adenda)

  1. Humberto diz:

    De Táxi???? 8,5€ por dia??? Bem gastos???
    Escapou-me alguma coisa…

    • Miguel diz:

      Humberto, é tudo uma questão de escolhas. Comparando com a utilização do automóvel particular (cujo o custo por km se pode considerar na ordem dos 0,40€~0,50€), continua a ser uma opção mais económica. No caso do JSC, além de poder pedalar uma parte considerável do caminho, chega à empresa “fresquinho”, e a parte que não faz de bicicleta, faz de motorista, e de uma forma rápida. O Táxi, é uma forma de transporte público – permite resolver necessidades individuais de mobilidade, embora a um preço acrescido, claro. Para muitas pessoas, sairía-lhes mais barato não ter carro, e recorrer ao serviço de Táxi, combinado com os restantes transportes públicos e/ou bicicleta. Se Lisboa já tivesse um serviço de Car Sharing decente, ainda mais versátil e económico seria (O Mob Car Sharing, é muito reduzido e pouco flexível).

  2. Jose Santa Clara diz:

    Acrescento em minha defesa, que tenho tido o privilégio de poder viver a vida sem ter que escolher sempre em função do racional económico. Se assim não fosse, nem comprava esta bicicleta, nem sequer andava de transportes públicos, que tenho as despesas com o carro incluídas na minha remuneração profissional.
    Mas a vida é para ser vivida da melhor forma possível, que no meu caso inclui procurar andar de bicicleta no percurso trabalho-casa-trabalho. E há que mostrar aos lisboetas que é possível, é bom e faz bem.

  3. Humberto diz:

    Começando pelo fim e salvaguardando que as opções individuais de mobilidade são… individuais, andar oito euros e meio de táxi diariamente não faz bem aos Lisboetas e seguramente não será possível para a grande maioria deles. Quanto ao ser bom, cada uma fala por si.

    Bem sei que os táxis são um transporte urbano muito válido em qualquer cidades porque são rápidos, cómodos e, principalmente se forem partilhados, económicos. No entanto não julgo serem opção válida numa registo diário com ou sem bicicleta no porta-bagagens.

    Eu conheço uma pessoa que faz ida e volta todos os dias da margem esquerda do Tejo para os arredores de Lisboa de táxi. É mais um exemplo de a cada um de acordo com as suas “capacidades” e eu nunca reparei se guarda nalgum lado um par de patins, um skate ou uma bicicleta, mas não é seguramente um exemplo de sustentabilidade.

    A questão para mim só se torna relevante porque o plano do senhor Santa Clara é dado como exemplo incentivador ao uso da bicicleta. Ora, em minha opinião claro está -e sobretudo numa época em que somos obrigados a repensar a forma como gerimos os nossos recursos, os pessoais e os outros- e mesmo sendo um plano onde, olhando ao valor da corrida de carro de praça e ao preço estimado da bicicleta escolhida, a questão pecuniária não é de todo um problema, identificada a necessidade (pedalar para o trabalho) a solução parece-me um pouco despropositada. Repito: despropositada para ser dada como exemplo.

    Uma solução que permitiria manter as exigências de conforto e as de princípio apenas com recurso ao pedal durante todo o trajeto Belém-Olivais, seria a escolha duma bicicleta com motor auxiliar elétrico. Pelo menos a pegada de carbono seria menor. Porque há uma certa diferença entre a coerente opção por uma solução sustentável ambiental e economicamente válida, mesmo até do ponto de vista filosófico, e uma excentricidade… cara.

  4. Jose Santa Clara diz:

    Ora bem, em primeiro lugar, também começando pelo fim, depois do fiasco da acessibilidade ao Metro, devo confessar que comecei logo a pensar num motor auxiliar eléctrico; mas é um processo que leva o seu tempo a germinar…
    Quanto ao essencial, ser ou não um exemplo, recapitulemos: temos um cinquentão director de empresa que, sem problemas económicos ou de estacionamento, prescinde do carro para fazer 32km todos os dias, passando a utilizar a bicicleta em 75% do percurso e nos restantes 25% o Táxi (e o Táxi porque a acessibilidade ao Metro é uma vergonha); isto será uma excentricidade certamente, mas houvesse mais excêntricos e Lisboa agradecia…
    Os exemplos têm que ser variados; há que trazer para o uso diário da bicicleta como meio de transporte mais do que os jovens de profissões criativas com preocupações ambientais.

  5. Jose Santa Clara diz:

    E aproveito para fazer o comentário sobre aquilo que considero ainda uma batalha a ganhar para a causa da Bicicleta (por todas as razões politicamente correctas e pelas outras):

    Todos os dias me cruzo ou sou ultrapassado por várias dezenas de ciclistas que fazem partes do percurso em comum comigo, mas 90% são “desportistas” de calções, ténis e capacete a pedalar furiosamente, certamente aproveitando para fazer o (muito recomendável) exercício físico diário; só os restantes 10% são pessoas que usam a bicicleta em traje normal, em velocidades normais, sendo para mim a “normalidade” aquilo que constitui a esmagadora maioria dos ciclista nos países de grande uso de bicicleta (da Albânia à Suécia).

    Há que trazer para a bicicleta diária essas pessoas. Com exemplos… 🙂

  6. […] propósito dum artigo e da troca de opiniões que se segui, recebi o texto que a seguir transcrevo. A bicicleta é sempre […]

  7. […] para encontrar a melhor solução para a sua mobilidade. Depois do primeiro relato, e de uma adenda, aqui fica mais uma vez, o relato do que mudou no seu […]

  8. ana leal diz:

    Excelentes opções!

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