Testemunhos Cycle Chic (X)

E o décimo testemunho, chega-nos com sons de piano. O Tiago Sousa é músico, e antes de vos deixar aqui o texto dele, aproveitando a vossa atenção, fiquem sabendo que na próxima semana (dia 23 de Março) poderão assistir a um concerto deste ciclista/pianista, no museu do Oriente. A avaliar por este video, vale a pena ir ao concerto:

Walden Pond’s Monk from Tiago Sousa on Vimeo.

(Será que andar de bicicleta, contribui para a genialidade do Tiago? Gostei muito)

E agora o testemunho (com fotografias da Vera Marmelo):

Há cerca de 5 anos que me movimento de bicicleta nos meus percursos diários entre e dentro do Barreiro e Lisboa. Comecei por comprar uma Brompton (bicicleta dobrável) mas depressa percebi que a cidade de Lisboa não se coaduna com rodas pequenas, considerando a quantidade de buracos, a necessidade de subir passeios e transpor outros obstáculos. Daí, passados uns 3 anos passei para uma pasteleira clássica motivado pela intenção de a recuperar e restaurar, o que nunca veio a acontecer. Cansado de subir as 7 colinas com uma bicicleta de ferro decidi passar para uma utilitária e comprei uma Estoril III da órbita a qual, julgo, preenche todos os requisitos necessários para as nossas cidades. Tem mudanças externas, os pneus são de estrada mas mais grossos e não sendo a bicicleta mais leve do mundo também não é muito pesada.

Comecei a utilizar a bicicleta por uma questão prática e monetária. Considerando o meu estilo de vida, e começando a deparar-me com a oscilação constante dos preços de combustível, achei  que estava na hora de mudar os meus hábitos de mobilidade e considerar a possibilidade da bicicleta. Na altura era mais raro ver utilizadores na cidade, em particular em Lisboa dado que no Barreiro a realidade é bastante diferente, mas desde cedo tive a convicção que era possível. Utilizo-a em complemento com o barco, para me deslocar entre as duas margens. As vantagens no aumento da qualidade de vida individual e colectiva são claras. Enquadro a bicicleta como uma forma de contrariar a atomização do estilo de vida que conhecemos no qual o automóvel é uma peça central. Contrariando as lógicas de suburbanização e mecanização a ele inerentes. Tornamo-nos mais próximos da cidade enquanto agentes de uma dinâmica local, incentivando as trocas no quotidiano, a nível de sociabilização e consumo, que são potencialmente mais amigas de um estilo de vida menos nefasto para o ambiente. Esta alteração de paradigma não está só relacionada com a questão das emissões de carbono mas com toda uma nova perspectiva sobre proximidade nas nossas relações diárias. Privilegiando a utilização do espaço público e abraçando um novo ritmo de vida. Nas diferentes questões relacionadas com a ciclocultura existem elementos que vão ao encontro de preocupações que cada vez mais vou acautelando. Desde a cicloficina, à massa crítica passando pelos estafetas da Camisola Amarela ou a iniciativas como o Bike Buddy da MUBI, sem nos darmos conta, a bicicleta começa a provocar autênticas revoluções nas formas como nos damos e como retiramos proveito da sociedade. Promovendo uma maior dinâmica colectiva e uma maior liberdade individual relacionado-as com a mobilidade e a gestão dos recursos.

Obrigado Tiago, e muitos parabéns pela excelente música – boa sorte para o concerto!

Paulo Guerra dos Santos

Já várias vezes falei nele, e para quem anda minimamente antento a estas coisas, o Paulo não é nenhum desconhecido. Desde o seu primeiro projecto “100 Dias de Bicicleta em Lisboa“, aos “100 Dias de Bicicleta em Portugal“, tem feito um trabalho notável do campo da mobilidade em Bicicleta. Mais recentemente tem andado empenhado no projecto das “Ecovias de Portugal“, e foi a propósito disto que no outro dia nos encontrámos. Do regresso a casa, ficou este registo que aqui vos deixo.

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Diário de um homem com coragem

Andamos nós aqui todos contentes, “aventureiros” na cidade, mas hoje à noite podem ouvir em primeira mão, os relatos desta verdadeira aventura vivida pelo Idílio Freire. Viajar de bicicleta é algo que por cá ainda está muito pouco difundido. Europa fora, não é só a utilização urbana da bicicleta que reina – o cicloturismo é uma actividade com uma dimensão muito significativa (e não estou a falar do “cicloturismo”, em que um grupo se equipa a preceito para a volta a França, e vai fazer umas dezenas de kilómetros a um Sábado ou um Domingo – estou mesmo a falar em Turismo de Bicicleta). Por isso, hoje dia 13 de Março, 3ª-feira, às 21h00, vão até à Casa da Amé­rica Latina, em Lis­boa (Av. 24 de Julho 118-B) – convidado pela Matilha Cycle Crew, o Idílio irá estar lá a “partilhar com os meus amigos memórias e fotos de encontros e desencontros que povoaram os dias em que me aventurei, de bicicleta, desde Inuvik, no noroeste do Canadá, ao Ushuaia, no sul da Argentina, durante 14 meses, ao longo de 30000 km”, e que foi relatando no seu blog Baca­lhau com Bici­cleta com Todos.

Será também o pré-lançamento do nº2 da revista “B – Cultura da Bicicleta“, onde mais uma vez há lá um dedinho meu.

Quantas vezes vos passou pela cabeça agarrar numa bicicleta e partir à descoberta do mundo?
Arriscamos a dizer que seguramente já o fizeram. Mas por alguma razão nunca chegaram a dar a primeira pedalada aventureira.
Pouco são aqueles que o fazem, pois não é uma decisão fácil. Mais ainda quando se viaja em regime solitário.
Foi por esses trilhos que encontrámos Idílio Freire, um português que se aventurou a sair do nosso lugar ao sol e entre uma pedalada e a outra conheceu meio mundo.

A Matilha Cycle Crew em parceria com a Casa da América Latina gostaria de vos convidar a ouvir o Diário de Viagem de um ciclista em regime solitário do Canadá à Argentina.
Num ambiente descontraído e informal vamos conhecer as história e as peripécias de quem visitou 15 países ao longo de 14 meses. Uma boa oportunidade para ganharmos inspiração, conhecermos as dificuldades e as alegrias de viajar de bicicleta para que um dia talvez, sejamos nós os Passageiros de Meio Mundo.

Entrem nesta viagem com data marcada para dia 13 de Março às 21 horas na Casa da América Latina – Av. 24 de Julho 118-B, Lisboa.

A não perder temos também o pré-lançamento exclusivo do número 2 da revista B – Cultura da Bicicleta.

Contamos com a vossa presença.

Matilha Cycle Crew

Agradecimentos:
Idílio Freire – bacalhaudebicicletacomtodos.blogspot.com
Casa da América Latina – www.casamericalatina.pt
Revista B – facebook.com/B.CulturadaBicicleta
Cenas a Pedal – www.cenasapedal.com/
Câmara Municipal de Lisboa

CALMA

Certamente já viram o famoso poster feito no Reino Unido durante a II Guerra Mundial. Tornou-se um ícone da cultura britânica, e o seu conteúdo tem sido adaptado às mais variadas situações.

Já se tornou um clichê falar da situação económica do país e relacionar o uso da bicicleta com a crise. É uma realidade incontornável, e com a notícia de que nos últimos dias o petróleo voltou a subir em flecha, só me resta deixar este conselho:

calma