III Festival da Bicicleta Solidária

Começou em 2011, esta ideia de juntar solidariedade com a bicicleta – a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) organizou com sucesso as duas edições anteriores, onde não só muita gente pode conviver e pedalar, mas onde acima de tudo se reuniu uma boa quantidade de bens não perecíveis, que depois se fizeram chegar a quem mais precisa.

Este ano, volta a repetir-se o evento, mas com um cartaz ainda mais recheado. Se nos anos anteriores participei como colaborador da FPCUB, este ano o Lisbon Cycle Chic associou-se ao festival, levando todos a passear por Lisboa (num percurso um pouco maior do que nos anos anteriores). Também teremos uma passerele onde irei fotografar quem por lá quiser desfilar – as fotos serão previamente seleccionadas e depois votadas on-line – o vencedor(a) levará para casa uma bicicleta (passatempo reservado a sócios da FPCUB, e patrocinado pela BikeZone).

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Mas o evento terá muitas mais actividades, como o encontro de bicicletas antigas, a cicloficina, música com os Kumpania Algazarra e DJ’s Orange Evolution, atividades para crianças e muito mais!

Não se esqueçam de levar géneros alimentares para instituições de solidariedade. Os bens alimentares entregues na inscrição serão recolhidos pelo grupo “Bora Lá”. O “Bora Lá” vai para a rua ajudar os cidadãos sem abrigo de Lisboa o que faz com um abraço e um sorriso.
Para além de alimentos não perecíveis, fazem falta produtos de higiene como champô, sabonete, pasta e escovas de dentes, desodorizantes, entre outros, bem como pratos, copos e talheres descartáveis.

Inscrições GRATUITAS mas obrigatórias!
SEGUIR ESTE LINK 

Domingo, dia 24 de Novembro, 10 horas no Terreiro do Paço

No ano passado foi assim (mais fotos aqui):

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e em 2011 assim (mais fotos aqui):

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Testemunhos Cycle Chic (XII)

A Margarida colocou um grande testemunho no seu blogue, onde relata a sua mudança de rotina. Aqui fica como inspiração para outros, parte desse testemunho (com a devida autorização da autora):

Uma das coisas que melhor me faz à saúde são… as greves do metro!

Há um ou dois anos as greves do metro permitiram-me mudar a rotina e em vez de apanhar o metro após chegar do comboio a Lisboa, fazer o percurso a pé. Ainda eram cerca de 15 minutos com passo rápido mas fazia-me muito bem e, apesar de inicialmente chegar ao trabalho com um pouco de asma, rapidamente isso deixou de acontecer.

Desta vez, a última greve do metro, permitiu-me mudar a rotina e experimentar ir de bicicleta! A pé seria um percurso demasiado longo do transporte que apanho agora e da nova localidade da minha empresa…

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Cada vez mais se vê ciclistas a frequentarem o barco para a travessia no Tejo e nesse dia fui uma também! Conheci um ciclista que também trabalha para os meus lados e assim fiquei a conhecer o caminho que ele fazia, era semelhante ao que tinha planeado mas com uma ou outra rua de melhor acesso para nós, para além de muitas dicas em andar em cidade, que isso não tenho experiência… bem, o Seixal é uma cidade mas é mais tranquilo (às vezes) ou eu já conheço muito melhor os caminhos e nunca tinha chegado a deixar a bicicleta estacionada na rua.

No dia seguinte tinha o dia de férias mas aproveitei para apanhar o mesmo barco e fazer o mesmo percurso até ao trabalho. Continuar para outros lados mais distantes para conhecer melhor Lisboa de bicicleta, como a Expo, tirar montes de fotografias e apanhar a ciclovia até ao Terreiro do Paço, continuar até apanhar a próxima ciclovia até passar por baixo da Ponte 25 de Abril e não avançar muito, pois o cansaço físico desse dia e do anterior já me estava a custar; pequeno sprint para apanhar o barco senão iria esperar imenso tempo para o seguinte e descanso! (…)

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Nessa semana de ciclismo, falei com mais pessoas da nova rotina e o que parece é que as pessoas não pensam sequer na possibilidade de ir de bicicleta mas traz tantos benefícios, tanto ao corpo como à mente e as que pensam, impõem barreiras mesmo podendo ser mais fácil ou rápido do que para mim que tenho de atravessar o rio, outras talvez fiquem a pensar um pouco nessa alternativa mas provavelmente continuarão a utilizar o automóvel ou aguentar com as tantas greves que os transportes públicos têm feito recentemente.

A cidade de Lisboa (e outras cidades) podia consciencializar mais as pessoas a aproveitarem este meio de transporte, anúncios para as lembrar disso e as soluções existentes, tanto as ciclovias que têm vindo a implementar para aumentar a segurança no ciclismo como a tentar reduzir os carros pois a condução maluca que os automobilistas lisboetas prestam na cidade é de meter medo às vezes, velocidades e manobras nada responsáveis.

 

Fica uma sugestão para a Margarida e para os demais… ao passarmos a utilizar roupas normais, passamos também a pedalar mais calmamente (que reduz ou elimina o problema do suor). Simplificamos a nossa vida, evitando mudas de roupa desnecessárias, e aumentando a versatilidade das deslocações, já que nos vestimos para o destino e não para a viagem. Como benefício de andar mais devagar, ganha-se muito em segurança, reduzindo também a probabilidade de queda. Ah, trocar a mochila por uns alforges ou outro modo qualquer de levar a carga na bicicleta e não no corpo, também ajuda… e muito!

Obrigado Margarida, boas pedaladas!

 

PS. Quanto a anúncios a consciencializar as pessoas para aproveitarem a bicicleta, já há algo a ser feito.

 

“Lisboa sai à rua de bicicleta”

Tenho divulgado esta campanha no Facebook, e até por aqui já fiz uma pequena menção à mesma. Depois de um pré lançamentos nas estações de Comboio da REFER, esta campanha está finalmente nas ruas da cidade.

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Promoção da bicicleta como ela deve ser feita: marketing positivo com gente que vive a cidade, que se veste normalmente como todos os outros cidadãos de Lisboa, e que por acaso utiliza a bicicleta como meio de transporte. Excelente esta iniciativa que a Sancha Trindade (a cidade na ponta dos dedos) e a Câmara Municipal de Lisboa levaram a cabo:

Lisboa sai à rua de bicicleta
com uma campanha feita de testemunhos reais

A partir de hoje e depois de um pré-lançamento nas estações de comboio de Lisboa, a capital recebe nas ruas a primeira campanha para motivar os lisboetas a andar de bicicleta.

Na sequência da Semana Europeia da Mobilidade a Câmara Municipal de Lisboa e a plataforma atlântica ‘A Cidade na ponta dos dedos’ reuniram oito testemunhos de cidadãos que se deslocam por Lisboa diariamente de bicicleta.

Ana Clara (arquiteta, 36 anos, percurso diário Parque das Nações – Restelo) diz que ao andar de bicicleta sente que pertence à cidade, Miguel (estudante de Geologia, 19 anos, percurso diário Belém – Cidade Universitária), partilha que se move na cidade sem prejudicar o planeta e a custo zero, Maria (publicitária, 32 anos, percurso diário Telheiras – Amoreiras) diz que não gasta mais dinheiro em ginásios, Miguel (designer, 23 anos, percurso diário Baixa – Santos) afirma que a bicicleta lhe dá liberdade, Mariana (restauradora cerâmica, 51 anos percurso Amoreiras – Chiado) adora ir parando nos recantos da cidade, Gonçalo (comerciante, 39 anos, percurso diário Parque das Nações – Olivais) diz que os filhos já reclamam quando não vão para a escola de bicicleta, Paula (terapêutica quântica, 45 anos, percurso diário Estoril (de comboio até ao Cais de Sodré)  –  Avenidas Novas)  diz que trocou o stress do transito pelo prazer de sentir o vento na cara e Jaime  (Advogado, 54 anos, percurso diário Av. E.U.A. – Parque das Nações) diz que é dono do seu destino representam todas as faixas estagiárias e diferentes estilos de vida de lisboetas que se movem em lisboa de bicicleta.

Aqui fica a foto do Gonçalo, o nosso webmaster de serviço, que também deu a cara nesta campanha:

4 Campanha Semana da Mobilidade CML A Cidade na ponta dos dedos 2013_Gonçalo

Por fim, a Sancha já descobriu que a bicicleta também é uma escolha fantástica para Lisboa… mas isso fica para depois.

Discriminação pura

Nos últimos dias muita discussão têm suscitado os paineis que foram colocados ao longo da Av. da República (desconheço se foram colocados mais em outros locais).

2013-09-21 11.14.55 2013-09-21 11.16.22(fotos: Pedro Nóbrega da Costa)

Não vou entrar aqui na discussão de se os utilizadores de bicicleta devem ou não cumprir o Código da Estrada. Vou dar essa de mão beijada e sim, partir do princípio de que todos o devem fazer. E digo todos. Não só quem anda de bicicleta. Automobilistas, motociclistas, ciclistas, peões… o gato e o piriquito! Ora se é este o caso, não percebo o porquê destes cartazes… Já publiquei esta montagem no Facebook, mas aqui fica outra vez para quem não viu:

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O que mais confusão me faz, é ver a ligeireza com que muita gente que anda de bicicleta, aceita e acha normal este tipo de cartaz (alguns até acham muito bem!!).

ISTO É DISCRIMINAÇÃO NEGATIVA!

Fica ao nível de qualquer cartaz a dizer “Cuidado com os carteiristas” ilustrado com um qualquer indivíduo de uma etnia específica – em geral uma minoria. Quem concorda com isto, faz-me lembrar alguns escravos que eram a favor da escravatura. (com as devidas ressalvas, uma vez que a gravidade de uma coisa é incomparável face à outra)

Durante muitos anos, não se viram bicicletas nas cidades. Automóveis passam vermelhos, excedem velocidade, estacionam mal e porcamente, os peões também passam vermelhos, enfim. Mas tudo está habituado a isso.

Agora chegaram as bicicletas, e a atenção está em cima delas. Vê-se um ciclista a passar um vermelho, mesmo que com cautela, da mesma maneira que os peões o fazem, e pimba! – “os ciclistas são todos uns irresponsáveis que não cumprem o CE”.

Por terras de “nossa majestade”, mais precisamente em Londres também reinava esta percepção – de que quem pegava numa bicicleta, se transformava imediatamente num tipo execrável que não respeitava ninguém… até que alguém se lembrou de fazer um estudo para tirar isto a pratos limpos… A entidade que o fez, não foi nenhum grupo ou associação obscura, liderada por um qualquer indivíduo de uma subcultura ciclística – foi a TfL (Transport for Londom, assim uma espécie de Autoridade Metropolitana dos Transportes de Londres, mas que coordena e manda mesmo nos transportes… a sério). Esta infografia foi feita a partir desse estudo:

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(fonte: http://smellslikeglue.com/2012/12/28/infographics-cycling-through-red-lights/)

Por isso fica a mensagem – querem apelar ao cumprimento do Código da Estrada?… fixe! Mas façam-no dirigido a todos! Ou especialmente àqueles que mais provocam acidentes mortais.

PS. Pelo que soube, à hora da publicação deste artigo, os painéis tinham sido todos retirados… fixe!

EDIT: publiquei há poucos minutos, e já as discussões estão ao rubro por todo o lado.

Por querer manter a discussão de fora, de se os ciclista cumprem ou não o CE, assumi que por princípio devemos cumprir. Ou seja, isso não está em discussão… o que está em discussão é se é legítimo ou não dirigir uma campanha destas aos ciclistas, quando todos os dias há dezenas de acidentes com feridos graves provocados por automobilistas que não cumprem o código da estrada.

Pergunto: quantos acidentes provocaram esses tais ciclistas prevaricadores? Quantos feridos? Quantos mortos?… é que se fizermos as mesmas perguntas, substituindo ciclistas por automobilistas, as respostas vão ter muitos dígitos! Infelizmente…