Quando estive em Barcelona, a propósito da Conferência de Bloguers Cycle Chic, fiquei a conhecer as Bicing – as famosas bicicletas de uso partilhado (BUP) de Barcelona. Podem ser vistas por toda a cidade, e trata-se de um dos maiores sistemas destes: mais de 400 estações com cerca de 6.000 bicicletas disponíveis. Ao contrário do que seria de esperar, não é possível aos turistas utilizarem estas bicicletas – para se ter acesso ao sistema, é necessária uma morada de Barcelona. Em alternativa, empresas de bicicletas de aluguer, existem por toda a parte – frequentemente me cruzei com turistas em bicicletas alugadas.
De resto o princípio de utilização é semelhante aos restantes. Paga-se uma anuidade (35€) e a utilização na primeira meia hora é gratuita. Podem saber mais detalhes sobre as Bicing, também aqui. Curiosa a solução encontrada para financiar o sistema – um apertado e eficaz controlo ao estacionamento automóvel na cidade.
Quanto às bicicletas propriamente ditas, gostei muito delas. São mais robustas que as do sistema da JCDecaux (Velib de Paris), e usam componentes menos comuns, tornando-se menos apetecíveis ao roubo.
Há uns dias, aqui nos comentários, alguém deixou uma opinião com algum cepticismo em relação a estes sistemas. Acreditem que não há nenhuma cidade do mundo, onde a utilização da bicicleta não tenha crescido brutalmente após a implementação de BUPs (à excepção de Melbourne, na Austrália, pois em virtude da obrigatoriedade de utilização de capacetes, o sistema é pouco utilizado).
Há dois grandes motivos para o sucesso destes sistemas – conveniência, e a possibilidade de experimentar. Quantas vezes damos por nós numa situação em que nos daria jeito ter a bicicleta conosco, mas que por alguma razão ficou em casa. Ou quantas vezes não levamos a bicicleta a algum lugar, pois temos receio de a deixar estacionada e ficarmos sem ela – ou simplesmente não é possível levá-la por outro motivo qualquer. É nessas (e noutras) situações que estas bicicletas dão imenso jeito.
A outra vantagem, a de poder experimentar, é a grande responsável pelo crescimento da utilização da bicicleta. Ao passarem a estar disponíveis, muitas pessoas começam a pedalar uma vez por outra. E começam a (re)descobrir o quão fantástica e conveniente é a bicicleta como meio de transporte. Há quem não compre uma bicicleta, por inúmeros motivos – não quer/não pode gastar dinheiro, nem pensa nisso, não tem onde a guardar se fosse trabalhar com ela, etc… Mas ao experimentar uma BUP, a “semente” fica plantada… Alguns acabam por comprar – outros simplesmente aderem ao conceito por completo, e tornam-se utilizadores regulares do sistema. E depois é o efeito bola de neve… cada vez mais gente a pedalar, cada vez mais as pessoas se habituam a ver bicicletas, mais curiosidade para experimentar, etc, etc…
Enquanto lá estive, deu para perceber o sucesso das mesmas – e usam-nas com muito estilo:
O Joan, meu anfitrião em Barcelona, tem bicicleta própria. Mas neste dia, não lhe dava jeito levá-la, e assim pegou numa Bicing e fez-se à estrada.
Por todo o lado, se via gente a pedalar nas bicings – e são compatíveis com o calçado feminino
Bicings, Bicings, e mais Bicings…
Boas fotos senhor arquiteto!
Nada como ter motivos e modelos para trabalhar…
Barcelona é mais um exemplo do “build it and they will come!” mas…
… No exemplo catalão apontas -e muito bem- o financiamento obtido através das taxas de estacionamento automóvel.
No “build it” alfacinha esta vertente é totalmente ignorada e na boa sanha populista, estenderam-se ciclovias como quem constrói -again-and-again-and-again- a casa pelo telhado: a autarquia nada faz em relação ao estacionamento abusivo-ilegal-invasor-anárquico-impune-selvagem, qual vaca sagrada onde ninguém se atreve a tocar sob o medo de provocar a ira do deus-eleitor-carro-dependente!
Aliás, basta olhar para os baixo-abdómen dos autarcas lisboetas para perceber o que vêem quando olham para uma bicicleta… ou o que pensam da ideia de caminhar… Diz-me o que fazes, dir-te-ei como governas
[…] uso das suas bicicletas para as deslocações do dia-a-dia. Porque mesmo com as quase 10.000 bicicletas de uso partilhado, há quem prefira ter a sua própria […]
[…] a Barcelona. Já falei sobre a conferência em si e outras actividades relacionadas, sobre as Bicing, e sobre os Barceloneses nas suas próprias bicicletas. Este é sobre um negócio que nos últimos […]
[…] para Lisboa? Já falei muito sobre os mesmos, e gostava que fosse algo parecido com o que há em Barcelona (o modelo de funcionamento poderia ser semelhante). Não confundir negócios de aluguer de […]