Crónica de um passeio abreviado

Se eu fosse dado às coisas das crenças e bruxarias, iria pensar que anda aí alguém que não deseja nada de bom para o Cycle Chic. Eu gosto de pensar que as coisas acontecem, porque sim. E que as adversidades, servem apenas para nos testar, para serem vencidas, e para no fim sairmos mais fortes.

No passado dia 28 de Maio, foi a tempestade que todos os presentes puderam testemunhar. Desta vez, para além do calor, o problema foi comigo… Após uma noite e uma manhã bastante indisposto, devia ter ficado em casa a recuperar. Mas como tinha o compromisso convosco, não queria faltar – e como até alí, a indisposição não tinha sido acompanhada de qualquer dor, pensei que se trataria de algo menor. Lá peguei na bicicleta, e fiz-me à estrada… fui até ao combóio, saí no Cais do Sodré, e comecei a pedalar. Até achei que o tempo afinal não estava tão quente como isso – a ligeira brisa que se fazia sentir, ajudava a amenizar o ambiente. Mas a indisposição permanecia, e para não forçar nada, mantive um ritmo bastante calmo. Ao chegar ao Campo Pequeno, foi quando senti que afinal estava mais fraco do que tinha pensado à partida. Já me custava manter-me de pé, embora  surpreendentemente, montado em cima da bicicleta sentia-me bem melhor.

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As pessoas foram afluindo ao local, e eu ia sendo solicitado para inúmeras coisas, mas a resposta do meu corpo (e mente) estava longe de ser a melhor.(Fica já o primeiro pedido de desculpas a alguém, se pareci distante, antipático ou pouco prestável).

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Desta vez, até tivemos direito à presença de um canal de televisão – a SIC. Mas ao contrário do que é dito na reportagem televisiva, a grande maioria das pessoas, estava dentro do espírito Cycle Chic – uns mais desportivos que outros, alguns mais arranjados, e uns tantos que não prescindem do capacete (ou mesmo de outras protecções). Claro que há sempre muita gente que opta por ir equipado com se fosse para uma prova de BTT ou ciclismo de estrada… Uns por desconhecimento, outros por opção própria. Não há problema! Não há aqui fundamentalismos de que todas as pessoas devem ou não, usar isto ou aquilo… Claro que gostava muito mais de ver um passeio onde todos abraçavam por completo o conceito, mas opções distintas são bem vindas na mesma! Afinal de contas, o objectivo é celebrar e promover a bicicleta como meio de transporte na cidade!

Atrasou-se um pouco a partida, para fugir um pouco ao calor, mas às 16h30 lá se deu início ao passeio. Estavam presentes, quase 200 pessoas!

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Um tipo de bicicleta pouco habitual entre nós, que marcou presença neste evento, foram as cruisers – no outro dia tive oportunidade de experimentar uma exactamente igual a esta que aparece aqui nestas fotos em cima. Fiquei surpreendidíssimo, pois para além do conforto expectável, são fáceis de conduzir e o rendimento do pedalar não me pareceu tão comprometido como eu antevia. Fiquei fã!

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O meu estado manteve-se estável, até chegarmos ao Conde Redondo… quando começamos a descer, reparo que a frente do grupo não tinha virado na Rua Gonçalves Crespo – para tentar impedir que eles descessem ainda mais, e nos levassem para a Rua de Santa Marta (ou pior), dei um sprint para tentar alcançar a Polícia que deveria ter o percurso correcto. Lá resolveram virar na Rua da Sociedade Farmacêutica – como podem verificar pelo mapa do percurso que eu tinha delineado, ninguém seria obrigado a subir a Duque de Loulé (fica aqui o 2º pedido de desculpas – preparei o percurso para que o mesmo fosse mais fácil).

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Quando cheguei à Praça José Fontana, depois do sprint e da referida subida, com o meu já débil estado de saúde, e o calor que se fazia sentir, começava a sentir-me mesmo pior.

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Depois de passarmos a Maternidade Alfredo da Costa, resolvi cortar caminho, para tentar recuperar um pouco na Duque D’Ávila – mas esta foi a última foto que consegui tirar:
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Logo de seguida, o jantar do dia anterior revelou-se o causador de todo este mau estar – o grupo passou, alguns ainda presenciaram o “triste espetáculo que eu estava a oferecer”, e uns tantos amigos meus ficaram a fazer-me companhia – isto enquanto a minha mulher foi buscar o carro. Fui directo para o hospital, de onde só saí passadas umas tantas horas a soro e outros tratamentos.

Espero sinceramente que o resto do percurso tenha corrido bem para todos vocês, e por fim, deixo-vos o 3º e último pedido de desculpas, por não me ter sido possível acompanhar, nem fazer o relato completo do passeio até ao fim. O fotógrafo Fernando Rodrigues, que fez as fotos do passatempo no dia 28 de Maio, esteve presente e participou no passeio – já me garantiu que tem umas tantas fotos para eu depois aqui colocar, de modo a ilustrar de um modo mais completo, todo o passeio.

Era minha ideia no final do passeio, ter um novo passatempo de fotografia (em moldes diferentes). Queria também ter feito a entrega dos prémios – entrarei em contacto com os vencedores, para lhes entregar pessoalmente as ofertas.

Obrigado a todos os participantes. Obrigado a todas as empresas e entidades que apoiaram esta iniciativa.

Conto com todos para a próxima!

4 Respostas a “Crónica de um passeio abreviado

  1. mbbl diz:

    Miguel,

    Obrigada por tudo e as melhoras!

    Até breve!

  2. Humberto diz:

    Não estavas nada com boa cara e mostraste grande valentia por teres tentado até ao fim, mas não deves repetir a brincadeira porque com a saúde não se brinca!
    A ver se te pões chic para a próxima!
    Abraços.

  3. Paulo Lopes diz:

    O sonho comanda a vida.
    Por isso eu vou sonhar,
    Mas também vou tentar,
    e fazer com que outras pessoas sonhem
    e que cada vez mais pessoas sintam a necessidade de ter uma melhor qualidade de vida.
    O Lisboa Cycle Chic está de parabens e desde já deixo aqui as melhoras para o Miguel e que nunca pare de fazer iniciativa como esta.
    Por isso , não deixem de andar de bicicleta, para isso é necessario que existam mais iniciativas destas, para que as pessoas sintam que realmente podem andar de bicicleta em Lisboa e arredores.
    Pensem, Sonhem, mas não parem…
    Continuem e se for necessaria ajuda contem com todos aqueles que gostam de pedalar, e já agora comigo também.
    Um abraço a todo a equipa do Lisboa Cycle Chic.

  4. […] as nossas fotos aqui, as do Eduardo aqui, e o relato do Miguel aqui. Houve vários exemplos de ciclistas chic, mas no meio de tanta gente achei algo desconcertante ver […]

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