Este artigo já vem com uns dias um mês de atraso. De tempos a tempos, a Câmara Municipal de Oeiras fecha a Av. Marginal ao trânsito, e muita gente aproveita para passear um pouco. Um dos aspectos que mais me agrada nestas ocasiões, é o silêncio – apesar de haver muita gente, a ausência de tráfego automóvel traduz-se numa calma fantástica. (Claro está que um pouco mais à frente, isto se perde, pois outro fenómeno dos tempos modernos me tira do sério – a necessidade que há de haver música muito alta em tudo o que é evento. Não tenho nada contra a música em si… mas porque raio tem de estar a um volume que incomoda mais do que diverte?)
No passado dia 12 de Junho, fecharam o trânsito automóvel logo a partir de Algés, ao contrário de outras edições, onde a Marginal apenas era fechada em Caxias. A C.M.O. faz estas iniciativas para promover o exercício físico, mas infelizmente o município carece de um verdadeiro plano de mobilidade e transportes, onde realmente se promovam no dia-a-dia, a pedonalidade e os modos suaves, o transporte colectivo, e onde as pessoas não sejam “obrigadas” a usar tanto o automóvel.
Felizmente em dias como estes, as coisas mudam um pouco, pelo menos na Marginal
e ao ver estes grupos de miúdos, só me dava vontade de assobiar isto:
Os meus pequenotes também foram… por vezes lá atrás na minha bicicleta, a maior parte do tempo cada um a pedalar na sua, mas outras vezes “penduravam-se” na bicicleta da mãe.
A T. levou a Specialized que agora anda em testes por cá – como é Verão, e nem sempre se anda em cidade, trata-se de uma Expedition Sport – um pouco mais descontraída que os modelos da Globe que testei antes.
Estava uma manhã fantástica, com muito Sol e uma temperatura bem agradável. Muita gente a pé, mas por todo o lado havia quem tivesse escolhido a bicicleta para ali passear.
A pé ou em cima da bicicleta, esta dupla de mãe e filha (?) estavam entusiasmadíssimas… Esta lindíssima Confersil amarela, não passa despecebida em lado nenhum!
Já se vêem muitas vezes forças de segurança em bicicleta, e é bom ver que os Bombeiros também escolhem este meio de transporte.
Agora só falta esta iniciativa passar a ser mensal…
Já aqui falei na minha aquisição há uns tempos. Sempre considerei as bicicletas dobráveis, como um excelente complemento para a mobilidade numa cidade como Lisboa – principalmente para quem não vive no centro. Poder articular a bicicleta com os transportes colectivos, ou mesmo com o automóvel, é algo que aumenta as nossas opções de mobilidade. Embora uma bicicleta normal possa ser transportada num automóvel, ou no combóio, nem sempre esta é a solução mais conveniente, ou mesmo possível. Se falarmos em autocarros, então as carreiras que o permitem fazer, são mesmo muito reduzidas. Nesse aspecto, uma bicicleta dobrável é mesmo a melhor solução.
Há uns anos, comprou-se cá para casa uma Mobiky – excelente num aspecto (abre e fecha-se quase instantaniamente), mas perdia em muitos outros (pesada, pouco eficiente para deslocações um pouco mais compridas, etc). Resolvi começar a investigar qual a bicicleta que melhor a substituiria. Olhei para a oferta de mercado, e as opções são hoje imensas. E há para todas as carteiras – por pouco mais de 100€ já se compra uma, mas sinceramente não recomendo. Há bastantes opções válidas, desde as Hoptown da Decathlon, às Dahon, passando por tantas outras, mas a minha escolha acabou por recair na Brompton.
Há quem as considere muito caras, mas é daqueles casos em que se “tem aquilo que se paga”. Queria uma bicicleta que permitisse ser transportada dentro do autocarro, de um maneira fácil e sem incomodar terceiros; que permitisse pedalar distâncias mais consideráveis sem problemas; fiável e robusta. E sinceramente, com estas características, as opções começam a escassear.
Uma das grandes falhas da maioria das bicicletas disponíveis no mercado, é o seu tamanho quando fechadas. Na realidade, continuam a ser muito volumosas para transportar num autocarro se o mesmo for relativamente cheio. E as que são compactas, acabam por ter o comportamento comprometido quando se anda nelas.
Depois a questão da fiabilidade – os relatos que se podem ler pela net fora, de problemas com bicicletas dobráveis, são muitos. Devido às articulações, é mais difícil manter a solidez como numa bicicleta convencional. Soma-se a isto o facto de muitas marcas, mudarem os modelos com alguma frequência, e não garantirem peças para os modelos descontinuados – enquanto isto pode não ser problemático em bicicletas comuns, onde a standardização reina, nas dobráveis muitas das peças são específicas desses modelos. Gastar algumas centenas de euros numa bicicleta, e passado 5 anos ter um azar e a mesma ir para o lixo, não era uma ideia que me agradasse muito. Além disso, a Brompton tem provado ao longo dos anos a sua robustez ao ser usada por viajantes, em condições adversas, e apesar de sujeitas a um tratamento muito duro, aguentam mais do que seria de esperar.
A Brompton começou há mais de 30 anos. Foi o resultado de um processo de criação por parte do seu autor, simplesmente fascinante. Um jovem engenheiro, que nos anos 70, não contente com a oferta de bicicletas dobráveis que havia, resolveu lançar mãos à obra e criar algo de raiz:
“Wouldn’t it be wonderful if you had a bike which went with you wherever you go?”
Andrew Ritchie, 1973.
Foi um percurso atribulado, até chegar ao modelo actual, que se tornou um ícone identificável por todo o mundo – há muitas bicicletas dobráveis, e depois há a Brompton. Fabricada em Londres, Inglaterra, o resultado é um objecto robusto, fiável, onde tudo funciona de um modo supreendente. Ao longo destes anos todos, a bicicleta foi sofrendo ligeiras alterações, algumas quase imperceptíveis – mas sempre evoluindo e melhorando até um ponto em que os modelos de há 20 anos, são muito parecidos, mas completamente diferentes dos actuais. No entanto, a marca mantém o compromisso de reparar as bicicletas seja qual fôr o ano delas, fabricando as peças necessárias para manter a compatibilidade – muita gente que enviou a sua Brompton para a fábrica, viu a bicicleta regressar com inúmeras melhorias, para além da reparação necessária. A história da marca pode ser lida na página oficial da marca, e para os entusiastas das bicicletas (ou da engenharia e do design), recomendo a leitura do livro do David Henshaw.
Para quem pense comprar uma Brompton, ficará assoberbado com as inúmeras opções disponíveis. A base é uma só, mas podemos escolher muitos pormenores, que se reflectem no fim em performances, pesos, e claro está, preços diferentes. Na página oficial, podemos conhecer melhor estas opções no “Bike Explorer“, e na página do importador podemos descarregar os catálogos em Português, bem como as tabelas de preços e até um útil configurador em formato Excel, para sabermos em quanto fica a nossa configuração.
A bicicleta pode vir com 225 esquemas de côr diferentes, e se ainda não sabem qual escolher, recomendo esta útil ferramenta da loja nova iorquina NYCeWheels (aliás, aproveitem, e experimentem o “video based bike builder“, onde vão configurando a vossa Brompton com a ajuda de videos explicativos das diferentes opções e extras).
A minha escolha recaíu numa M6L – guiador tipo M, 6 velocidades (com uma redução no rácio de 12%), e com guarda-lamas (L). Se nos modelos mais antigos, as 6 velocidades não faziam muito sentido (experimentei uma em Barcelona, e pude constatar isso – pouca diferença fazia do modelo de 3 velocidades), com o novo cubo traseiro “wide range”, a bicicleta ganha muita versatilidade – principalmente quando queremos fazer uma subida mais puxada, e queremos chegar lá acima sem estarmos suados! Com um rácio de mais de 300%, este sistema rivaliza com uma cassete traseira de montanha com 11-34 dentes.
Não querendo entrar em mais tecnicismos, deixem-me apenas dizer-vos que a bicicleta é altamente eficaz. Os travões não sendo potentíssimos, cumprem bem a sua função. As pequenas rodas de 16 polegadas saem prejudicadas em pisos mais irregulares, embora o conforto se mantenha graças a dois aspectos – um quadro em aço, que absorve as irregularidades muito melhor do que o alumínio da maioria das bicicletas dobráveis, e um inteligente sistema de suspensão integrado na articulação traseira. A vantagem do pequeno diâmetro das rodas, reflecte-se numa aceleração fantástica e numa manobrabilidade ímpar em circuito urbano. Da primeira vez que experimentamos uma bicicleta destas, a sensação de instabilidade deve-se não só ao tamanho das rodas, mas à ausência de avanço do guiador – é uma condução mais directa, mas habituamo-nos rapidamente.
Se necessitamos de transportar alguma coisa, a Brompton tem várias opções: ou escolhendo o suporte de carga traseiro, ou escolhendo uma das várias opções para colocar na frente da bicicleta. Não me vou alongar mais neste assunto, pois em breve farei um artigo dedicado apenas a isto.
Abrir e fechar a bicicleta é um processo que, para quem nunca o experimentou pode parecer complexo, mas na realidade, num instante estamos a conseguir fazê-lo de um modo rápido e sem grande esforço. Com a prática, qualquer pessoa dobra a bicicleta em menos de 20s, e os mais jeitosos, em menos de 10s. Aqui fica o video do criador a demonstrar como se faz:
Por esta altura já todos perceberam que eu fiquei fascinado com esta pequena maravilha… Tal como eu, muita gente tem ficado fã da Brompton, e é interessante ver a quantidade de pessoas que tendo optado por comprar outra dobrável, mais tarde acaba por comprar a Brompton na mesma. Will Self é um escritor e jornalista Inglês, que tão bem relata neste artigo, como se “apaixonou” por esta bicicleta.
Há muito mais a dizer sobre a Brompton, e para quem ficou com curiosidade, basta seguir alguns dos links que aqui coloquei, para ficar a conhecer melhor esta máquina.
EDIT: o “Paulofski” partilhou no seu blog, este video em “directo”, na fábrica da Brompton
Hoje recebi um e-mail a dar conta de mais um roubo de uma bicicleta.
Ao ver a fotografia, reconheci-a logo. Sou um admirador das órbita clássicas que ainda hoje se vendem. E sempre que ouço falar de mais uma bicicleta roubada, lembro-me desta frase.
Não deixem morrer mais fadas, e sigam as indicações certas de como prender uma bicicleta – ou vejam estes videos. (como se pode ver na foto, o cadeado é dos que não oferece grande segurança – embora muita gente pense que sim).
Ah, e se souberem do paradeiro da bicicleta roubada, não deixem de contactar a Susana!
Já por várias vezes mencionei o Miguel, e o seu excelente blog. Ele não é de “cá”, é lá de cima do Porto… mas esta foto sua todo aperaltado, à saída para um casamento, é digna de aqui figurar!
O Miguel optou há uns tempos por deixar o seu automóvel de lado, e recorrer ao mesmo só para o estritamente necessário. Tal como cá por casa, acabaram por vender um dos carros, e tornaram-se numa família “mono-automobilizada”!… O blogue dedicado ao Porto está a fazer falta, para mostrar o Cycle Chic da “Invicta”…